29.5.09

nesta casa violada vivia uma velha,
teria vindo de fora.
um nome teria.
morava sem parentesco.
banho não
pente no cabelo não
dentes nenhum
mudar de roupa não
plano de saúde não
grana não
via a filha não
amigos os bichanos que alimentava.
caiu. veio o resgate.
no hospital da limpeza pública nem durou uma semana.
os olhos da filha chorarão seu remorso azul, se deus existir.
o genro torcerá o nariz dentro do covil.
a casa vai virar grana
por isso as janelas dormem abertas denunciando aos berros.

todo mundo se preocupa com os gatos.


sp - 23/12/05

Eduardo Jorge Canella e Cauê Mattos

Cauê Mattos, Joana Egypto e Isabela Umbuzeiro Valent

20.5.09

tuas formas, berço de heras,
dão-me o tempo medido em volutas.

nas tuas mãos em concha e feixe,
receptáculo, ninho das águas,
estrelas sonham desde o Início
a estranha lógica dos cardumes
e tudo que vai ao fundo,
semi-suspenso,
à areia decantada.


sp - 19/05/09