29.4.09

revejo, sim.
raja um vento e te revela.
o vento o que sabe?
sabe a cabelos; ser vento sabe,
coisas de si só sabe,
feito rio para si.
rio que mar regurgita.

vi e agora revejo que voltas.
do ângulo da pedra que o sal gasta
o arco da sombra velha mira.

dormirei aquela sombra onde o sol não cabe?

sp - 28/11/05

19.4.09

o olho brilha
rígido aço nos atinge
e ronca talvez de medo
o medo acorda seus medos

o olho avança abre engloba

sp - 19 abr 09

11.4.09

procure uma ilha
procure com os dentes
procure

entredentes goste

ocupe a ilha
ocupe seus cumes
ocupe

faça usucapião das marés

irmã enguia
irmã escarpa
irmã asa


sp - 7/8/2008

olhando pela janela.
algumas vezes posso ver a chama da refinaria de petróleo. longe. longe.

*

vindo de metrô para o trabalho reparei que esse é um movimento repetido exaustivamente, a ponto de perder o sentido.

**

quando eu era menino pensava em como seria o dia de minha morte. Era algo distante...
evito pensar nisso agora.

***

se as nuvens estão velozes, e é fim de tarde, umas estão mais iluminadas que outras. a vontade de chorar me salta dentro do estômago. nostalgia. infância súbita que fosse nascer vomitada.

23/set/08


foto: mai fujimoto

alegria: soprar o dente-de-leão.
alegria: observar o vôo das sementes mais leves que o ar.
alegria: imaginar um destino longínquo para o pouso.


26/set/08

p.s. - essa imagem e esse texto se conheceram tempos depois